O uso do véu, para as mulheres obviamente, é um desses atos de reverência que podem ser utilizados, apesar de ter sido suprimida sua obrigatoriedade canônica. Diante do quadro atual da falta de delicadeza para com Nosso Senhor, é também um protesto na forma de lembrete em prol do respeito ao sagrado, por isso é bom que quem use o véu tenha cuidado no modo de se vestir e se portar na Santa Missa (e fora desta). Aconselho, para o bem e a salvação da humanidade, que se ofereça esse gesto de piedade em reparação pelas almas que fazem uso de modas escandalosas.
Esse costume, definitivamente, chama atenção das pessoas, mas não do modo como uma mulher impudica o faz, muito pelo contrário. Como tem um sentido dentro do Rito Litúrgico e frente aos Sacramentos da Igreja, a mantilha ressume sinais: tentaremos demonstrar alguns em seguida, diante desse contexto sagrado e da própria missão da mulher no mundo.
Quando Deus criou o homem, viu que não era bom que ficasse só, então disse: “vou dar-lhe uma ajuda que seja adequada” (Gn 2,18). Essa ajuda, todos nós sabemos qual foi: a mulher. A realidade da mulher, portanto, não se manifesta abertamente, pois o que nos eleva aos céus é a riqueza da vida interior. O pudor, dessa maneira, denuncia esse sublime interesse, convida ao homem a alcançá-lo e à mulher a vivenciá-lo, o que é, no final das contas, valorizarem a si mesma.
O véu motiva a mulher a inclinar a cabeça em oração silenciosa, isto, de fato, é o que todos devemos fazer quando nos encontramos no Templo de Cristo, por conta da grande beleza e mistério de Jesus Sacramentado. Nossa submissão a Deus é evidenciada pela coberta da cabeça e, sendo a mulher representante da humanidade, relembra-nos que esta, para seu próprio bem, só terá ordem quando for obediente ao verdadeiro Rei que é Cristo: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,6).
Com toda a certeza, o mundo reage contra isso porque não quer que as coisas se coloquem nos seus devidos lugares, já que sabemos quem é seu “príncipe”. Felizmente, tal celeuma não é capaz de alterar a realidade (não se esqueça o que a Virgem Maria já nos prometeu: no final, seu Imaculado Coração triunfará), ainda que essa resistência a torne mais problemática.
A mulher que faz, pois, uso de uma mantilha nas Santas Missas e capelas em que Cristo está presente, manifestando através desse gesto de piedade exterior suas prudentes escolhas internas, permite, enfim, que quem a cubra seja o próprio Jesus. O uso do véu se converte em apelo à vida espiritual e à submissão da humanidade a Deus.
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O uso do véu pode ser considerado um sacramental. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus.” (§1670). O uso do sacramental não é essencial, portanto, à salvação, mas um auxílio. Exemplos de sacramentais são a água benta, medalhinhas, o escapulário.
O uso do véu não é expressamente ordenado, mas é recomendado como uma prática de piedade caso a mulher se sinta chamada a isso. Se a mulher lê as passagens bíblicas a esse respeito e sente o Espírito Santo movê-la, deve primeiramente orar e discernir a respeito.
É muito importante que um sacramental seja utilizado pelas razões certas, ou seja, para o crescimento espiritual do portador. Superstição, pressão do grupo, vaidade, nada disso são razões válidas para se usar o véu. Um bom teste a se fazer é se perguntar: “Se o Papa banisse o uso do véu amanhã, eu estaria disposta a obedecer?” Se a resposta for sim, então essa é a atitude correta. No final das contas, o uso do véu tem a ver com obediência a Deus e a seus representantes. Obediência, como dizia São Bento, é a prova de fogo para a santidade. Uma pessoa verdadeiramente humilde e santa obedece aqueles que foram designados para dirigi-la.
Voltando ao conceito de sacramental, é importante a atitude honesta diante de Deus, e o uso honesto de coisas materiais, de modo a ordená-las para a finalidade de glorificar a Deus. O uso do véu tem a finalidade de levar a mulher a desenvolver atitudes próprias de humildade e adoração a Jesus, da mesma forma que o uso do escapulário é uma devoção que promove a piedade.
Por fim, pode-se concluir que o uso do véu é, antes de tudo, um chamado, um carisma. Cada um tem suas necessidades, seu processo de crescimento espiritual. A Igreja, mãe generosa, oferece vários meios de prover a essas necessidades, através de suas muitas formas de devoção e dos sacramentais, que, se praticados corretamente, levam o fiel à maturidade espiritual. Ademais, o hábito de usar o véu ajuda a mulher a compreender sua vocação e identidade, seu lugar na criação e na Nova Aliança, o Santo Sacrifício, bem como a real importância destes.
Associação Sagrado Coração (http://www.ascsc.com.br)
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